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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Agostinho José Pereira


A historia de Agostinho deixa muita perguntas sem resposta. Pouco se sabe da vida dele, de onde veio, para onde foi. O que se sabe é que ele era um negro letrado e que fundou a primeira igreja protestante brasileira, e que essa igreja era negra. Sabe-se também que na sua trajetória política conheceu Sabino, o líder da revolta baiana conhecida como a sabinada. Ele participou da Confederação do Equador.

Um fato marcante na vida de Agostinho foi a sua prisão em 1846. Graças a esse episódio ficou registrado um pouco da sua vida, documentada na imprensa de Recife e em inquérito policial, que hoje são fontes de pesquisas resgatando o legado desse grande homem.

Não se sabe o que aconteceu com o pastor negro Agostinho José Pereira depois da sua prisão. Um jornal da época noticiara que Agostinho fora solto por habeas corpus impetrado pelo advogado Borges da Fonseca e que quando passava nas ruas acompanhado pelos seus discípulos a multidão gritava e assoviava.
Ao passar por Pernambuco em 1852, o naturalista inglês Charles B. Mansfield referiu-se ao mestre como um “Lutero negro”, que não sabia onde ele estava, mas tinha ouvido que tinha sido condenado a três anos de prisão ou fora deportado.

O Lutero Negro deixou um legado para a igreja e a sociedade brasileira.
Publicado por Missões Quilombo em 14 fevereiro 2011 às 13:42

André, se olharmos nesta  sua perspectiva a primeira igreja protestante no Brasil seria a Igreja dos calvinistas franceses que realizaram o primeiro culto protestante no Brasil em 1557. Só depois é que foi inaugurada pela corte de Nassau por volta de 1630, a Igreja Reformada Holandesa, a qual você cita.

Depois dessas houve varias tentativas: comerciantes ingleses estabeleceram a Igreja Anglicana no país, em 1811, Seguiram a implantação de igrejas de imigração: alemães trouxeram o luteranismo em 1824.

Agostinho José Pereira, fundou a primeira igreja protestante genuinamente brasileira, era de brasileiros e em língua portuguesa.

Entenda:

Em 1858, o reverendo Roberto Kalley fundou a Igreja Fluminense, episódio considerado pela história oficial como data de fundação da primeira igreja protestante do Brasil. A questão é que: oficialmente, se considera como a primeira igreja protestante por ter batizado o primeiro brasileiro, também organizou a primeira igreja protestante do Brasil em língua Portuguesa.
Em 1841, Agostinho José Pereira começou a pregar pelas ruas do Recife. Nasceu, assim, a primeira igreja protestante brasileira, a Igreja do Divino Mestre, com seus mais de 300 seguidores, negros e negras, todos livres e libertos.
Com relação a Agostinho, a sua historia não é só oral, ela foi documentada no jornal O Nazareno, de 31 de outubro de 1846, no Arquivo Público de Pernambuco e em outros documentos arquivados. O fato da história de Agostinho José Pereira se tornar oral e correr  pelo nordeste como uma espécie de beato, como você cita, foi justamente pela grandeza do seu impacto, depois de Agostinho surgiram vários outros Agustinhos, qualquer negro que aparecia mostrando a sua religiosidade era apelidado de Agostinho durante muito anos no nordeste brasileiro.

A historia de Agostinho José Pereira, o Lutero Negro, não é especulação ou interesse, e fato pesquisado e comprovado.

A respeito da sua citação: “faceta do Cristianismo é terrivelmente incondizente com a pessoa negra”. Acreditamos em um Cristianismo de Matriz Africana que contempla toda a dimensão da pessoa humana. Portando condizente para todos e todas.  Agradeço pelo seu comentário que engrandece o fórum.  

Bibliografia e Referências
HAHN, Carl. Estudos da Religião 2/Culto Protestante no Brasil: Breve histórico dos Cultos Evangélicos no Brasil. Imprensa Metodista. São Paulo, 1985.
O jornal O Nazareno, 1846
Arquivo Público de Pernambuco

Rotinas e Rupturas do Escravismo, Recife 1822-1850. (Editora Universitária-UFPE, 2002).

Fonte: http://negrosnegrascristaos.ning.com/group/mne/forum/topics/agostinho-jose-pereira

terça-feira, 20 de novembro de 2012

PROVÉRBIOS PORTUGUESES



Página dos Provérbios

Pobre não morre cedo.
Pobre não tem amigo nem parente.
Pobre não tem parente.
Pobre não tem parente nem amigo.
Pobre não tem parentes.
Pobre não tem razão.
Pobre nunca tem razão.
Pobre, preguiçoso e pensativo como um poeta.
Pobre, quando acha um ovo, o ovo é goro.
Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
Pobre que arremeda rico, morre aleijado.
Pobre que nem Jó.
Pobre se engasga com cuspe.
Pobre só acha a vida doce quando está chupando pirulito.
Pobre só anda de carro quando vai preso.
Pobre só enche a barriga quando se afoga.
Pobre só engole frango quando joga de goleiro.
Pobre só levanta a cabeça quando quer comer pitomba.
Pobre só recebe convite quando é intimado pela polícia.
Pobre só sai do aperto quando desce do ônibus.
Pobre vive de teimoso.
Pobres e pintos sempre andam famintos.
Pobrete, alegrete.
Pobrete, mas alegrete.
Pobreza e alegria nunca dormem na mesma cama.
Pobreza e alegria nunca dormem numa cama.
Pobreza é inimiga da virtude.
Pobreza não é crime.
Pobreza não é vergonha.
Pobreza não é vileza.
Pobreza não é vileza, mas é melhor ocultá-la.
Pobreza nunca em amores fez bom feito.
Pobreza obriga a vileza.
Pode esperar sentado.
Pode haver sofrimento na dor e não no temor.
Pode ir tirando o cavalinho da chuva.
Pode limpar as mãos à parede.
Pode-me quem quiser, empe-me quem souber.
Pode-se levar o burro à fonte, mas não obrigá-lo a beber.
Pode-se viver sem os amigos, mas não sem os vizinhos.
Pode tirar o cavalo da chuva.
Poder e mulher, não se divide.
Poderoso cavaleiro é Dom Dinheiro.
Podes perder por preguiça o que ganhas por justiça.
Põe a cabeça entre mil; o que for dos outros será de ti.
Põe a tempo todas as coisas nos seus lugares.
Põe as barbas de molho, que estão as do vizinho a arder.
Põe-lhe a vara na mão, conhecerás o vilão.
Põe o ponto alto para dar no meio.
Põe o teu dinheiro em conselho, um dirá "é branco", outro, "é vermelho".
Põe tu a mão, e Deus te ajudará.
Põe tua mão, e Deus te ajudará.
Poeta bom já nasce feito.
Poeta de água doce.
Pois que Maria bailou, tome o que ganhou.
Pois que o bispo anda de catana, use da mitra o soldado.
Pois que tu sabes e eu não sei nada, dize-me o que esta manhã sonhava.
Polidez pouco custa e muito vale.
Pólvora alheia, tiro grande.
Pólvora do rei, tiro grande.
Pólvora inglesa, tiro grande.
Pólvora pouca, chumbo até a boca.
Ponche bem escusa quem bastante roupa usa.
Pontas e colar encobrem muito mal.
Pôr a calva à mostra a alguém.
Por afeição te casaste, a trabalhos te entregaste.
Por água do céu não deixes teu rego.
Por aí vais, assim como vires, assim farás.
Por alguém no olho da rua a toque de rufo.
Por amor das roseiras bebem as silvas.
Por amor dos santos se adoram os altares.
Por amor dos santos se adornam os altares.
Por amor dos santos se beijam os altares.
Por amor que não convém, nasce muito mal e pouco bem.
Por amor tudo se acaba.
Por apressados não melhorados.
Pôr as coisas nos seus lugares.
Por bem fazer, mal haver.
Por bem pouco se embezerrou.
Por cá foi, por acolá entrou.
Por cada gracejo, dez inimigos.
Por cada um que troçares, dois amigos perdes.
Por carne e pão deixo quantos manjares são.
Por carne, vinho e pão, deixo quantos manjares hão.
Por carne, vinho e pão, deixo quantos manjares são.
Por casa nem por vinha, não cases com mulher parida.
Por causa da prudência, se perdem os ensejos.
Por causa de peso e medida, tem muita alma perdida.
Por causa de sujo ninguém vai à botica.
Por causa de um vintém, se gastam cem.
Por causa de uma esporada, perde-se uma vaquejada.
Por causa de uma tripa, perde-se uma barrigada.
Por causa do santo, beija-se o altar.
Por causa dos santos, se beijam as pedras.
Por causa dos santos, se beijam os altares.
Por cima da sopa, molha-se a boca.
Por cima de comer nem um escrito ler.
Por cima de peras, vinho bebas, e tanto que nadem as peras.
Por cima do leite não há fruta que deleite.
Por cima do melão, vinho de tostão.
Por cima folhos e rendas, por baixo nem fraldas tem.
Por cima púrpura, por baixo andrajos.
Por cima tudo são rendas, por baixo nem fraldas tem.
Por cobiça de florim, não te cases com mulher ruim.
Por cuidar, morreu um burro.
Por dá cá aquela palha.
Por dar, dão, dizem os sinos de Santo Antão.
Por dar esmola, nunca falta à bolsa.
Por dar uma esmola não míngua a bolsa.
Por demais é a decoada em cabeça de asno pardo.  (= barrela)
Por demais é a cítola no moinho, quando o moleiro é surdo.
Por detrás da cruz está o diabo.
Por diante faço acato, por detrás el-rei mato.
Por dinheiro baila o cão, e por pão, se lho dão.
Por dinheiro baila o perro.
Por dinheiro se perde o vilão, e por amor dele o enforcarão.
Pôr e dispor à sua vontade.
Pôr em pratos limpos.
Por essas e outras mais fogem os filhos aos pais.
Por falta de amém que não se perca uma alma.
Por falta de homens fizeram a mim juiz.
Por falta de homens fizeram o meu pai juiz.
Por falta de lenha, apaga-se o fogo.
Por falta de tempo se perde o navio.
Por falta de um alho não se há de perder o molho.
Por falta de um alho nunca se deixou de fazer uma alhada.
Por falta de um cravo, perde-se a ferradura.
Por falta de um grito, vai-se embora uma boiada.
Por falta de um prego, perde-se uma ferradura; por falta de uma ferradura, perde-se um cavalo.
Por falta de um prego, perdeu-se a ferradura.
Por falta de uma andorinha não acaba a primavera.
Por fazenda alheia, ninguém perca a ceia.
Por fazer compras baratas, muita gente se arruína.
Por fora, bela viola; por dentro, molambo só.
Por fora, bela viola; por dentro, molambos só.
Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento.
Por fora, casquete de veludo; por dentro, miolos de burro.
Por fora, cordas de viola; por dentro, pão bolorento.
Por fora, filó, filó; por dentro, molambo só.
Por fora, grande farofa, por dentro molambo só.
Por fora, grande farofa, por dentro não tem miolo.
Por fora, muita farofa, por dentro molambo só.
Por fora, muita farofa, por dentro não tem miolo.
Por fora, muito fofó, por dentro, molambo só.
Por fora, renda de bilro; por dentro, molambo só.
Por fora, tudo são rendas; por dentro, molambo só.
Por fugir da sertã, caiu nas brasas.
Por fugir do fogo, caiu nas brasas.
Por isso se come toda a vaca, por um querer da perna e outro da espalda.
Por isso se come toda a vaca, porque um quis da perna e outro da espádua.
Por isso te sirvo, para que me sirvas.
Por jeito se quer a moça, que não por força.
Pôr lenha na fogueira.
Por linha, a tinha.
Por linha vem a tinha.
Por mais alto que voe o pássaro, tem de descer para comer.
Por mais finório que um velhaco seja, acha seu mestre, quando não o deseja.
Por mais propícia que seja a fortuna, lá chega a ocasião em que ferra o pontapé no seu afilhado.
Por mais que o amor se encubra, mal se dissimula.
Por mais que o asno queira ser cavalo, há de sempre ser asno.
Por mais que o asno se queira fazer cavalo, sempre há de ficar asno.
Por mais que se tente um roubo ocultar, às vezes, vem ele por si se mostrar.
Por mais santo que seja o dia, a panela tem de ferver.
Por mais servir, menos valer.
Por mal não se leva um português, por bem levam-se dois ou três.
Por mal vizinho, não desfaças teu ninho.
Por me fazer mel, comeram-me as moscas.
Por medo dos pardais não se deixa de semear cereais.
Por melhoria, minha casa deixaria.
Por mim não se desmanche a festa.
Por morrer o sacristão, o sino não se cala.
Por morrer o sacristão, o sino não se cala não.
Por morrer um caranguejo, o mangue não bota luto.
Por morrer uma andorinha, não acaba a primavera.
Por muito madrugar, não amanhece mais cedo.
Por muito que o engano se cobre, ele mesmo se descobre.
Por muito que se tenha, nunca é demais.
Por não gastar o que basta, o escusado se gasta.
Por nós sejamos bons, e não por nossos avós.
Por novas não penareis, far-se-ão velhas, sabê-la-eis.
Por novidades não penes: far-se-ão velhas, e sabê-las-ás.
Pôr o carro à frente dos bois.
Pôr o dedo na ferida.
Pôr o guizo no pescoço do gato.
Pôr o sino no gato.
Por onde irás, Brás, que não te perderás?
Por onde passa o boi, passa o vaqueiro com seu cavalo.
Por onde pecamos, por aí pagamos.
Por onde tens andado, que tão bom cabelo tens criado?
Por onde vás, assim como vires, assim farás.
Pôr os bofes para fora.
Pôr os pingos nos is.
Pôr os pontos nos is.
Por ouvir missa e dar cevada, não se impede a jornada.
Pôr panos quentes.
Pôr para quebrar.
Por pequena brasa arde grande casa.
Por pobre também se chora defunto.
Por pouca saúde, mais vale nenhuma.
Por que entra o cão na igreja? Por estar a porta aberta.
Por que ficar de braços cruzados, se o maior dos homens morreu de braços abertos?
Por que sabe o diabo tanto? Por ser velho.
Por que vai a velha à casa da moeda? Porque se lhe paga.
Por riqueza não te exaltes, por pobreza não te rebaixes.
Por se andar vestido de lã, não se é carneiro.
Por sete que sabem cantar, há um que não sabe falar.
Por sete que sabem cantar, há um que sabe falar.
Por seu mal nasceram asas à formiga.
Por sol que faça não deixes a capa em casa.
Por souto, não irás atrás de outro.
Por suas versas julga as alheias.
Por temor, não percas honor.
Por teu coração julgaste o de teu irmão.
Por teu rei pelejaste, tua casa guardaste.
Por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher.
Por três coisas sou perdido: mulher, cachaça e baralho.
Por três dias de ralhar, ninguém deixe de casar.
Por três dias de ralhar, ninguém deixe de cear.
Por um cabelinho pega o fogo ao linho.
Por um cabelinho pega o fogo ao moinho.
Por um cabelinho pega o fogo no linho.
Por um cravo se perde um cavalo.
Por um cravo se perde um cavalo; por um cavalo, um cavaleiro; por um cavaleiro, um exército.
Por um cravo se perde uma ferradura; por uma ferradura, um cavalo; por um cavalo, um cavaleiro; por um cavaleiro, um exército inteiro.
Por um dedal de vento não se perca um alguidar de tripas.
Por um dia de prazer há um ano de sofrer.
Fonte:


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

No comando, geração Y se opõe a ‘yuppies’ com pensamento próprio

Para nascidos entre 80 e 90, liberais e desenvolvimentistas não são rivais

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/no-comando-geracao-se-opoe-yuppies-com-pensamento-proprio-3671102#ixzz1jYBaxqBZ
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BRASÍLIA - Em meio à turbulência financeira, não vista desde a Grande Depressão, no início do século passado, cargos importantes na economia mundial começam a ser ocupados por quem nasceu nas décadas de 80 e 90. E esses jovens — da chamada "geração Y" — tendem a ter um pensamento econômico próprio. Não há espaço para a clássica rivalidade entre liberais e desenvolvimentistas.

Daqui a 20 anos, quando os garotos criados com internet e videogame assumirem o poder e ditarem os rumos da política e da economia, a palavra de ordem será equilíbrio. Com naturalidade, misturam as duas principais e antagônicas correntes. Ideias como incentivar o consumo das massas, distribuir renda, proteger o sistema bancário, ter grandes reservas internacionais, diminuir carga tributária e promover a competitividade convivem harmoniosamente.

Segundo o professor de sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e doutor em economia Marcel Dursztyn, essa geração não carrega a ideologização dos pais e não "demoniza" o pensamento contrário. São pessoas que rejeitam o provincianismo. São cosmopolitas, adoram classificar tudo em rankings e são viciadas em informação.

— Não são dogmáticos, mas pragmáticos — sintetiza.

A visão é completamente diferente da dos yuppies que dominaram Wall Street nos anos 90. Para a geração Y, o Fundo Monetário Internacional (FMI) não ditará mais as regras. A desregulamentação do sistema financeiro, que gerou a crise, será combatida. Novas teorias serão inventadas. O pensamento econômico será reescrito e testado. Nesse contexto, surgem os novos formadores de opinião.

— Sou um liberal que defende a mão firme do Estado e não a mão forte do Estado — diz o mestre em economia Guilherme Resende, de 25 anos.

 

Até trabalho deve ser lazer para a geração Y

Ele divide o tempo entre o trabalho numa consultoria, as aulas que dá na Universidade de Brasília e o tradicional futebol no videogame com os amigos. A busca pela diversão é uma das características desse grupo. Até o trabalho deve ser um lazer.

De acordo com o consultor Sidnei Oliveira, está determinado a esses jovens modificar profundamente os paradigmas e premissas estabelecidos. Em seu livro "Geração Y: o nascimento de uma nova versão de líderes", ele afirma que é comum essa parcela da população questionar, ser impaciente, adorar desafio, querer reconhecimento e revolucionar o ambiente de trabalho.

Algumas dessas características são evidentes na inquieta deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), de 30 anos. Durante a entrevista, sem interromper a conversa, postou algumas vezes no Twitter. Um iPhone 4 é seu companheiro. É pelo aparelho que a jornalista — em seu segundo mandato em Brasília — despacha com assessores.

Ela deseja que sua geração seja responsável por uma grande mudança: a diminuição do consumismo. Aposta que a sustentabilidade será defendida com afinco. E acredita que a grande chance de alterar o futuro deve surgir na turbulência atual.

— A saída para todas as grandes crises foi a guerra. Dessa vez, acho que será a multipolaridade com a ascensão dos Brics (sigla de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). E o fruto disso será a maior presença do Estado — diz a parlamentar.

— A ideologia que criou a crise não pode dar o remédio para a própria crise. Se uma ideologia não avança, não é ideologia, é dogma — afirma Fernanda Consorte.

Com apenas 28 anos, a economista do banco Santander diz que as doutrinas se fundem e um "equilíbrio ótimo" passa por questões como saúde, educação, melhorias de serviço, uma indústria eficiente e um Estado presente. E isso está mais claro após a crise de 2008.

— O mundo viu que era necessário o mínimo de regulamentação — diz.

Percebe-se, hoje, que para todas as áreas é importante a formulação de políticas públicas — diz o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN), de 33 anos.

O consultor e professor Resende admite que a interferência do governo na economia continuará a ser o foco do debate, mas em menores proporções, porque é consenso que o Estado tem de ser um regulador presente. Outro aspecto abordado é que banqueiros não podem ter tanto poder, porque isso distorce as relações de mercado.

 

— Existe, sim, uma mistura ideológica. Seguir só a cartilha do FMI não trouxe sucesso — afirma ele, que aposta nas redes sociais para articular a sociedade.

 

Sustentabilidade será a marca de uma geração

 

Essa "mistura ideológica" está na opinião do ator Caio Blat, de 30 anos, que critica o tamanho do Estado, mas quer mais investimentos públicos.

— O Brasil tem uma carga tributária excessiva, abusiva e uma máquina estatal muito pesada. Eu acho que o Brasil está perdendo a oportunidade de investimento nesse momento na infraestrutura — diz o ator.

Blat tem uma visão ácida sobre o poder das agências de classificação de risco, também responsáveis pela crise de 2008. E como a amiga Manuela, acredita que a sustentabilidade será a marca dessa geração.

A opinião é defendida por Resende. Ele lembra que, nos anos 80, só se estudava inflação na faculdade de economia. Em cinco anos, prevê, haverá aulas de preocupação social e ambiental.

— Achar que fazer consumir vai resolver a crise é pensar só no curto prazo. O diferencial daqui para a frente será o investimento em pesquisa — diz Resende, ao criticar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que reduziu tributos sobre bens de consumo para proteger o Brasil da turbulência.



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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

ESPERANÇA - Ano Novo - No dia que vem por aí

IVAN MARTINSÉ editor-executivo de ÉPOCA IVAN MARTINS - 28/12/2011 08h41

É difícil não sentir esperança. A vida parece ter sido feita para isso. Em vez de um tempo contínuo e inacabável, dentro do qual a nossa existência teria o ritmo dos bichos, habitamos um tempo fragmentado, dividido, que se encerra e recomeça por ciclos – de uma hora, de um dia, de um ano. Esses períodos definem a nossa existência e ajudam a dar sentido a ela. Eles fomentam a esperança.

Lembro de uma conversa, já antiga, em que alguém me explicava, do fundo de uma grande tristeza, o alento que recebia de cada manhã. “Hoje”, ela me disse, “eu posso ser totalmente diferente do que fui ontem, mudar a minha vida, mudar eu mesma e começar do zero. Cada novo dia me apresenta a possibilidade de ser outra pessoa e deixar a dor para trás.” Essa não é uma definição soberba de estar vivo? Andamos tão presos ao passado que ignoramos a possibilidade de mudança embutida no futuro. Começar de novo é a maior delas – para todos nós.

Houve um tempo, quando criança, em que eu costumava me imaginar um homem feito. Teria 25 ou 30 anos, seria veterinário ou agrônomo, seria casado com uma mulher com cabelos de índia e olhos de jabuticaba e viveria, com ela e três filhos, numa casinha rural rodeada de colinas, com cerca de madeira e chaminé, como as crianças costumam desenhar. Nesse cenário idílico, que nunca se materializou, eu seria feliz, destemido e generoso, como os heróis dos livros. Sobretudo, eu estaria pronto, teria me tornado um adulto perfeito – e os adultos, toda criança sabe, não têm medos ou dúvidas.saiba mais

Presentes invisíveis "Com você é diferente"Amar é para poucosMulheres mandonas Elas amam demais? Quer morar comigo? Outras colunas de Ivan Martins

Os anos se passaram e, a cada 12 meses, a criança que eu era se confronta com o adulto que eu sou. A conversa nem sempre é tranquila, mas é fundamental que ela aconteça. O cara que eu me tornei deve satisfações à criança que eu fui. Tem de lidar com os sonhos dela e com as ilusões que ela engendrava sobre o futuro. O homem tem de contar para o menino que as coisas não são como ele sonhava, que a gente não faz a vida exatamente como quer, mas que, nem por isso, deixamos de ser dignos e bons. É importante que a criança dentro de nós saiba, também, que nunca estamos realmente prontos, nunca crescemos inteiramente, e que as nossas dores – e essa é a pior parte da conversa – não somem quando ficamos adultos. Seguem conosco, mesmo não sendo parte de nós. São como espinhos na nossa carne, e é preciso arrancá-los. Existe, afinal, a esperança de viver sem eles no ano que vem, na semana que vem, amanhã.

A moça com cabelos de índia e olhos de jabuticaba tomou outras formas ao longo do tempo. Foi loira, teve olhos castanhos, cabelos crespos. Mas, em cada mulher real, havia algo da Eva infantil, primordial, que eu procurava como se fosse uma resposta absoluta. Aí há outra complexidade que o menino não previra. Parece não haver uma mulher na nossa história, mas várias. Parece não haver uma única resposta, uma única possibilidade. Também nesse terreno (o do amor), podemos tentar, recomeçar, sonhar, sofrer – ter alegrias e surpresas, enormes.

Então, eu penso, que venha o Ano Novo.

Que venham os velhos e novos amigos. Que o amor encontre o seu lugar na nossa vida e que saibamos reconhecê-lo, preservá-lo ou deixá-lo morrer, quando for preciso. Que o ano nos traga coragem para fazer coisas novas, coragem também para lidar com as coisas antigas que deixamos de lado. Que neste ano a gente se encontre – uns aos outros e a nós mesmos – de um jeito que produza mudança e transformação. Sem auto-indulgência, sem auto-piedade, sem mi-mi-mi. Que 2012 venha para alegrar a criança que fomos e nos ajudar a ser os adultos que merecemos ser – no novo ano, na próxima semana, no dia que vem por aí.

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

FONTE: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/noticia/2011/12/no-dia-que-vem-por-ai.html

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

"Geração Silenciosa"

Geração Y

Cleber C. Prodanov - quinta-feira, 08/10/2009 - 11:19

A cada dia, deparamo-nos com mais informações a respeito do comportamento das pessoas, o que têm nos ajudado a compreender melhor o momento histórico que vivemos e os nossos semelhantes. Nesse sentido, um olhar interessante sobre o mundo é o que faz referência ao comportamento das gerações.

Normalmente um período de um século comporta quatro gerações distintas. Se olharmos para os últimos anos, vamos perceber claramente que várias transformações ocorreram nas últimas gerações, fazendo com que uma fosse diferente da outra. Vários estudos apontam a existência demarcada de cada uma, identificando algumas de suas características.

Geração Silenciosa

A chamada geração silenciosa (1925-45), por exemplo, foi aquela que se confrontou com a depressão econômica mundial dos anos 1930 e, principalmente, com a Segunda Guerra Mundial. A geração seguinte (1946-1964) foi chamada de baby boomer, formada pelas crianças nascidas depois da Segunda Guerra e expostas a um mundo bipolar, à guerra fria e a um comportamento contestatório e de procura por uma vida melhor, com sonhos de consumo.

Geração X

A geração posterior (1965-81), por sua vez, ficou conhecida como a geração X, a chamada geração Coca-cola, denominada por alguns como “perdida”, pois encontrou um mundo com uma visão menos idealista e mais realista da sociedade.

O Y da questão

Atualmente, convivemos muito com os jovens da chamada geração Y, formada por indivíduos nascidos depois de 1984, com a característica de serem questionadores, cheios de opinião sobre todos os assuntos, mesmo sem ter um conhecimento mais aprofundado das coisas. Além disso, são aficionados por tecnologia e internet; parece até que nasceram com um dedo no controle remoto e o olhar nas telas dos computadores. Esse grupo é formado por aqueles jovens aos quais pedimos ajuda para fazer funcionar qualquer aparelho eletrônico existente em nossa casa.

Essa geração possui o talento e a habilidade do mundo dos botões, a tal ponto de nos remeter à pré-história da tecnologia, diante das dificuldades que nós, membros das outras gerações, encontramos no trato com a aparelhagem eletrônica. Essa é a geração do momento, preocupada com a tecnologia e a ecologia, com múltiplos interesses, procurando viver em um mundo instantâneo. Cabe destacar, ainda, a linguagem direta e franca que os acompanha.

Provavelmente cada um de nós tenha um representante das diversas gerações, e em especial da geração Y, dentro de casa. Essa coexistência valoriza o fato de precisarmos entender as diversas gerações, conhecer quais os elementos básicos de cada uma delas, o que é fundamental em casa, na escola, no trabalho, na sociedade... Se acharmos isso complexo demais, esperemos pela geração F.

Cleber C. Prodanov

Cleber C. Prodanov é doutor em História Social e educador, trabalhando com inovação e novas tecnologias. Também é professor da Feevale, gestor do Parque Tecnológico do Vale do Sinos e assina uma coluna semanal todas as segundas no Jornal NH-RS.|

domingo, 2 de outubro de 2011

A dimensão Esquecida - Leonardo Boff

quarta-feira, 20 de agosto de 2008


A dimensão esquecida - segundo Leonardo Boff


Falando sobre sobre Espiritualidade, dimensão esquecida e necessária, o frei Leonardo Boff explica que para entendermos
o que seja precisamos desenvolver uma concepção de ser humano pela cultura dominante.
Esta afirma que o ser humano é composto de corpo e alma ou de matéria e espírito. Ao invés de entender essa afirmação de uma forma integrada e globalizante, entendeu-a de forma dualista, fragmentada e justaposta. Assim surgiram os muitos saberes ligados ao corpo e à matéria (ciências da natureza) e os vinculados ao espírito e à alma (ciências humanas). Perdeu-se a unidade sagrada do ser humano vivo que é a convivência dinâmica da materia e do espírito entrelaçados e inter-retroconectados.
Japress: Espiritualidade concerne ao todo ou à parte?
Boff: Espiritualidade, nesta segmentarização, significa cultivar um lado do ser humano: seu espírito, pela meditação, pela interiorização, pelo encontro consigo mesmo e com Deus. Esta diligência implica certo distanciamento da dimensão da matéria ou do corpo.
Mesmo assim espiritualidade constitui uma tarefa, seguramente importante, mas ao lado de outras mais. Temos a ver com uma parte e não com o todo.
Japress: Então, como viver numa sociedade altamente acelerada em seus processos históricos-sociais?
Boff: O cultivo da espiritualidade, nesse sentido, nos obriga a buscar lugares onde encontramos condições de silêncio, calma e paz, adequados para a interiorização.
Japress: Essa compreensão não é errônea.
Boff: Ela contém muita verdade. Mas é reducionista. Não explora as riquezas presentes no ser humano quando entendido de forma mais globalizante. Então aparece a espiritualidade como modo-de-ser da pessoa e não apenas como momento de sua vida.
Japress: O que mais enfatiza?
Boff: Antes de mais nada importa enfatizar fato de que, tomado concretamente, o ser humano constitui uma totalidade complexa. Quando dizemos "totalidade", significa que nele não existem partes justapostas. Tudo nele se encontra articulado e harmonizado. Quando dizemos "complexa" significa que o ser humano não é simples, mas a sinfonia de múltiplas dimensões. Entre outras, discernimos três dimensões, fundamentais do únido ser humana: a exterioridade, a interioridade e a profundidade.
Japress: A exterioridade humana é a corporeidade?
Boff: A exterioridade é tudo o que diz respeito ao conjunto de relações que o ser humano entretém com o universo, com a natureza, com a sociedade, com os outros e com sua própria realidade concreta em termos de cuidado com o ar que respira, com os alimentos que consome/comunga, com a água que bebe,c om as roupas que veste e com as energias que vitalizam sua corporeidade. Normalmente se entende essa dimensão como corpo. Mas corpo não é um cadáver. É o próprio ser humano todo inteiro mergulhado no tempo e na matéria, corpo vivo, dotado de inteligência, de sentimento, de compaixão, de amor e de êxtase. Esse corpo total vive numa trama de relações para fora e para além de si mesmo. Tomado nessa acepção fala-se hoje de corporeidade ao invés de simplesmente corpo.
Japress: Então, a Interioridade é a psiqué humana?
Boff: A interioridade é constituída pelo universo da psiqué, tão complexo quando o mundo exterior, habitado por instintos, pelo desejo, por paixões, por imagens poderosas e por arquétipos ancestrais. O desejo constitui, possivelmente, a estrutura básica da psiqué humana. Sua dinâmica é ilimitada. Como seres desejantes, não desejamos apenas isso e aquilo. Desejamos tudo e o todo. O obscuro e permanente objeto do desejo é o Ser em sua totalidade.
Japress: Como se identificar o Ser?
Boff: A tentação é identificar o Ser com alguma de suas manifestações, como a beleza, a posse, o dinheiro, a saúde, a carreira profissional e a namorada ou namorado, os filhos, assim por diante.
Japress: E quando isso ocorre...?
Boff: Quando isso ocorre, surge a fetichização do objeto desejado. Significa a ilusória identificação do absoluto como algo relativo, do Ser ilimitado como o ente limitado. O efeito é a frustração porque a dinâmica do desejo de querer o todo e não a parte se vê contrariada. Daí, no tempo, predominar o sentimento de irrealização e, consequentemente, o vazio existencial.
Japress: E o que é necessário para evitar esse vazio existencial?
Boff: O ser humano precisa sempre cuidar e orientar seu desejo para que ao passar pelos vários objetos de sua realização - é irrenunciável que passe - não perca a memória bemaventurada do único grande objeto que o faz descansar, o Ser, o Absoluto, a Realidade fontal, o que se convencionou chamar de Deus. O Deus que aqui emerge não é simplesmente o Deus das religiões, mas o Deus da caminhada pessoal, aquela instância de valor supremo, aquela dimensão sagrada em nós, inegociável e intransferível. Essas qualificações configuram aquilo que, existencialmente, chamamos de Deus.
A interioridade é denominada de mente humana, entendida como a totalidade do ser humano voltada para dentro, captando todas as ressonância s que o mundo da exterioridade provoca dentro dele.
Fonte: JAPRESS